domingo, 14 de agosto de 2011

Violeta de Aço - Final



A vida de Violeta havia se transformado num calvário. Presa durante dois anos, sem informações, sem amigos e sem amor. Vítima dos estupros de Ivan , tinha se transformado numa sombra do que era. Magra demais, pálida, fraca. Mas seu coração continuava esperançoso de que uma hora Magno surgisse do nada, acompanhado de policiais, para resgatá-la. Era isso que lhe dava forças para continuar, e não se matar de vez. Ivan viajava todos os fins de semana, a fim de vê-la, e a violentava, na esperança de que uma hora ela desse sinais de que estava se entregando a ele. Mas tudo que ele conseguia era alimentar o ódio que ela sentia. E ele sentia que fazia sexo com uma boneca, sem vida, gelada. Ivan estava desistindo dela, e pensava numa forma de vingar-se dela e de Magno, por toda sua vida sem amor.

Magno rejuvenescera dez anos em seis meses, com plásticas e academia, tudo para ficar mais bonito para Anette, que era linda sem esforço algum. Ele estava apaixonado, cego de amor e desejo pela amiga de Violeta, que o deixava prostrado na cama após horas de sexo. A loira era insaciável, e Magno dedicava todo o tempo que pudesse para fodê-la, pois estava viciado nos gemidos que somente ela sabia emitir. A pediu em casamento, e ela aceitou.

O casamento foi notícia em vários jornais e revistas, Magno gastou dez vezes mais do que havia gastado quando se casou com Violeta. E Ivan ao ler a notícia, sorriu maquiavelicamente.

Na última visita que fez a Violeta, ele não lhe contou sobre o casamento de Magno com Anette. Ele simplesmente abriu a porta e disse:

_Eu desisto. Não quero mais transar com uma tábua. Vá embora.Vai, pode ir. E não me denuncie, caso contrário, meus homens tem ordens para matar você e Magno.

Violeta ficou sem ação, ria e chorava, suas preces haviam sido atendidas. Os funcionários de Ivan cuidaram do transporte de Violeta, que viajou vendada para que não identificasse o lugar onde esteve prisioneira durante mais de dois anos. Foi deixada no portão da mansão onde vivia com Magno.

Sentia-se fraca, debilitada, e teve a sensação de ser uma maltrapilha mendinga ao apertar a campainha da própria casa, pois não tinha as chaves.

A empregada não a reconheceu de imediato, mas depois deu um sorriso amarelo e abriu o portão.

_Onde está Magno? Quis saber. A empregada manteve-se calada, sem ação e a conduziu até a sala de estar.

Lá Violeta aguardou, enquanto a empregada subiu as escadas, para chamar Magno, que dormia junto de Anette.

Violeta olhou ao redor, e não reconheceu a própria casa, toda a decoração estava fora do que havia mandado fazer. O vermelho predominava, e lembrou-se de Anette. Seu coração parecia querer lhe dizer alguma coisa, mas ela tentava não ouvir, parecia surreal demais para ser verdade, mas ela sentia o que havia acontecido. O pânico tomou conta dela, e a verdade parecia muito simples, até lógica, oras, quem mais poderia tomar o seu lugar?

Esperou até que pudesse enfim ver a tragédia, e esperou com a dor mais lancinante, mas ciente que veria um grande pesadelo, até que na escada surgiu um Magno sonolento, de roupão, acompanhado de Anette também de roupão.

Os três ficaram se olhando, até que Violeta explodiu em lágrimas, e Anette saiu correndo aos prantos também, de volta ao quarto de casal. Magno permaneceu no topo da escada, estarrecido.

_Oh meu Deus! Eu voltei dos mortos não é Magno? Sou um desastre! Sou um estorvo!

_Não Violeta! Acalme-se...

Violeta chorava como criança. Magno não se lembrava de ter visto ela chorando em nenhum momento. Não de tristeza.

_OHHhhh Maaagno! Anette! Anette! Meu Deus! Eu preferia ter morrido...

_Violeta! Acalme-se, eu vou lhe trazer algo para beber...

_Não! Eu não quero beber nada! Só me arranje um lugar para dormir.

Tudo parecia morto na mansão de Magno no dia seguinte. A tristeza se estendia por cada centímetro do chão daquela enorme casa. Ninguém sabia o que fazer.

Magno estava irritado, deprimido. Não conseguia acreditar que Violeta voltara. Quando sua dor já havia se acalmado, quando a tristeza pela perda da esposa se cicatrizava, ela aparecia, branca como um fantasma, para atrapalhar o novo amor que ele vivia, agora com Anette.

Violeta gostaria de sair da mansão, e deixar para trás tudo aquilo, mas não tinha para onde ir.

Magno viu-se de repente sem Violeta e sem Anette,que não tinha ânimo para presenteá-lo com suas fodas alucinantes, sabendo que a primeira esposa dele estava a vagar pela casa, tristonha e cabisbaixa.

Magno estava explodindo de ódio quando decidiu visitar Ivan, o culpado de tudo aquilo.

Sua vontade era matá-lo.

Ivan o recebeu, com um olhar vitorioso, mas ao mesmo tempo temeroso.

_Seu desgraçado! Me roubou Violeta! Esperou que eu me casasse com outra mulher e a devolveu de volta, praticamente morta! É assim que me agradece por ter lhe tirado das ruas?

_Magno, meu coração está tão negro quanto o seu! Perdi meu amigo na vã esperança de conquistar Violeta aos poucos, mas fui infeliz! Só a devolvi... por pura maldade mesmo, vou ser sincero. Mas tudo que fiz foi guiado pela minha paixão louca! Se houver algo que eu lhe possa fazer para diminuir o estrago que fiz em sua vida!

_Anette não me olha nos olhos mais, sequer! E eu não quero mais Violeta! Eu a tinha como morta. Eu amo Anette agora. E como posso por para fora Violeta? Vê o que fez na minha vida, seu filho da puta?

_Ok, Magno. Vamos dar um jeito nisso. Me devolva Violeta. Eu dou fim nela para você.

_O que? Está louco? Como me propõe uma coisa dessas?

_Ora Magno, pense como o grande empresário que é! Violeta está morta para todos há muito tempo. Basta me trazer ela de volta, e eu resolvo isso para você, como forma de um pedido de desculpas. Não seja tolo de perder Anette também, aquela gostosa.
Na semana seguinte, cego de amor por Anette, e com medo de não mais tê-la em seus braços como havia se acostumado, Magno pôs Violeta num carro e a levou no local previamente combinado com Ivan.

Violeta estava apática, como se numa espécie de transe, houvesse se entregado ao seu destino, pois sabia que boa coisa Magno não planejava para ela. Resolveu enfim aceitar seu trágico destino, para por fim de vez aquela vida desgraçada. Vendida como um produto, que deu o que tinha que dar ao comprador, aprisionada como um animal que não fez feliz o seu caçador, e entregue a morte quando não mais servia ao seu comprador.

No local combinado, Ivan aguardava com uma arma em punho. Era sua forma de se redimir perante Magno, e encerrar de vez aquele capítulo de sua vida.

Quando chegaram ao local, magno levou Violeta até a porta da casa em que Ivan a aguardava.

_Violeta, quero que entre nessa casa. Você vai morar aqui.

_Vai me entregar para a morte assim Magno?

Magno impaciente em resolver logo aquilo a segurou violentamente pelos braços, e abriu a porta da casa, para empurrá-la para dentro.

Foi ao tocá-la com a intenção de vê-la morta, que ele sentiu suas veias se queimarem, e seus músculos se contrairem, num espasmo incontrolável.

Pela porta aberta, Ivan sentado com a arma nas mãos, viu a pele de Magno se escurecer, e suas veias tornaram-se de um roxo violento, e o corpo dele pulsava e se contraia, enquanto seu sangue se solidificava, tornando -se ferro. E seu coração parou, e seus olhos tornaram-se vidro, e numa mutação que durou não mais do que trinta segundos, Magno tornou-se uma estátua de aço.

Antes de abandonar a vida completamente, um pensamento lhe passou pela mente:

__Ahh! Disse em voz alta Madame Bhullard: Uma última recomendação. Não a traia! Ou perde tudo!
Se a trair significava perder tudo, imagine matá-la!

Era tarde demais quando Magno lembrou-se disso. Estava morto, transformado numa reluzente estátua de aço.

Ivan deu um tiro na própria cabeça ao ver a cena.

Violeta olhou para Magno uma última vez, uma lágrima lhe escorreu, e depois ela sentiu-se finalmente livre daqueles homens.

Entrou no carro, e dirigiu tranquilamente de volta para casa. Sentiu a vida lhe tocar novamente. Estava feliz. Não era mentira que ás vezes finais felizes acontecem.

Quando chegou na mansão, foi direto para o quarto de casal que anos atrás dividira com Magno. Mas agora quem estava lá, a esperando, era Anette. Linda como sempre. Com sua lingerie vermelha, mais tesuda do que nunca. Beijaram-se suavemente.

Anos atrás.

_Madame Bhullard disse que vai me vender antes do tempo, se insistirmos em nosso amor.

_Se ela te vender, eu te acho, e dou um jeito de ficarmos juntas.

_Não seja boba Anette! Como faria isso?

_Não sei, mas que vou te achar, eu vou.




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